domingo, 1 de dezembro de 2019

Sobre o que foi dito.


A verdade é que a gente subestima o poder das palavras.
Ninguém pensa muitos nas consequências do que diz.
Mas, antes de ser dito, já foi pensado e, por assim dizer, de nada adianta aquela história de falar sem pensar.
Não volta. Palavra dita é presença, não há como voltar atrás.
E, assim como a palavra pode curar, pois eu já me curei muitas vezes com ela, pode causar males que julgo irreparáveis.
Só eu sei o quanto me doeu aquela última conversa.
Só eu sei como aquelas palavras latejavam na minha mente enquanto eu via o que precisa ser visto - ou nem precisava, verdade seja dita.
Mas tá aí, a verdade veio - e não foi dita, foi mostrada.
Do dito, ficou só a mentira.
Aquela que, mesmo depois de tanto tempo, você insiste em dizer que não é.
Fim de caso.
A verdade dói de uma vez.
E pronto, acabou.
Como um parto natural.
A mentira não. 

Machuca.
Inflama. 

Infecciona.
Pode gangrenar, pode levar a óbito.
Na melhor das hipóteses, te deixa uma cicatriz. 

Nítida, visível.
Um lembrete para o resto da vida - aqui jaz toda dor da palavra mal dita (maldita).

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