domingo, 7 de julho de 2019

Gatilho II


Medo.
Medo.
Medo.
Medo.
Medo.
Até o coração palpitar.
A cabeça não pára.
O sono não vem.
O corpo dói por não suportar o fardo que é ser, sentir.
Tudo cansa.
Tudo é demais.
É muito peso para carregar em uma estrutura tão frágil.
Penso em desistir.
O tempo todo, um pouco mais a cada minuto que passa.
Acho que não vou conseguir nunca.
E nunca vai dar certo.
Dói. Machuca.
Exige um pouco mais.
Cansa, maltrata.
Me leva a confrontar o caos que existe aqui dentro.
Eu tento parar.
Mas a verdade é que não para nunca.
E volta a martelar.
Volta a doer.
Volta a incomodar.
Eu sou uma ilha.
Com tudo o que já morreu.
Com tudo o que já mataram em mim.
Com tudo o que ainda não morreu, mas vai, um dia.
Sempre que eu penso estar chegado a um ponto de equilíbrio, vem a onda a e me vira do avesso.
Me tira o sossego.
Me faz perder o juízo.
O dia é uma batalha invencível, em que eu morro um milhão de vezes para sobreviver no fim.
Eu só quero respirar sem dor.
Eu só quero caminhar sem peso.
Eu só quero existir sem medo.

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